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Quem é Nazmiye Yılmaz? A história da autora de Emanet | parte III

Foto do escritor: Kah, a kengaKah, a kenga


Olá, todo mundo!


Hoje é a saideira do perfil reflexivo da autora da nossa paixão turca, Emanet.


Já falamos um pouco da trajetória acadêmica e profissional, da sua ligação religiosa e como isso pode influenciar nas suas obras. E hoje, venho responder as perguntinhas do último post e exaltar o legado incrível que Nazmiye constrói diariamente através de seu trabalho.


É uma reclamação bastante recorrente no fandom brasileiro as demonstrações de afeto nas séries turcas serem muito menos explícitas. E isso tem ligação direta com a questão cultural/religiosa já abordada na parte 1 e parte 2.


E também é bastante falada a quantidade de cenas de agressão, especialmente contra mulheres.


Antes de adentrarmos esse ponto, já explico: essas palavras são uma REFLEXÃO sobre o tema. Não é teoria sem embasamento e sim, uma interpretação tecida a partir de leituras críticas além da minha trajetória como pesquisadora/professora na temática de gênero e saúde da mulher. Não é uma opinião absoluta.


Então: sem ataques e se quiser conversar, apresentar outro ponto de vista, nossos comentários estão abertos para você!


A arte, seja ela qual for- canto, dança, pintura, dramaturgia, literatura- são formas de expressão do ser humano. E estão diretamente conectadas com os contextos sociais, culturais, além das histórias de quem as cria. Ficção ou inspiradas na realidade, para nós brasileiros não é incomum novelas e séries trazerem pontos polêmicos do mundo real para serem discutidos em suas histórias.


Em 70 anos de TV brasileira, temos inúmeros exemplos.

Assistiu Laços de Família (2000) com a personagem Camila e a doação de medula óssea?

O Clone (2001) discutindo dependência química com a Mel?

Rei do Gado (1996) contemplando na sua trama a questão do acesso e posse da terra?


Outra exemplo interessante é a arte de protesto. Que é o termo usado para obras criativas que preocupam ou são produzidas por ativistas e movimentos sociais. Já a arte ativista busca usar o espaço público para refletir sobre questões sócio-políticas, incentivando o público e a comunidade a participar. Seu objetivo é estimular a mudança social, através de diálogo, conscientização e capacitação de indivíduos e grupos.


E onde vemos isso? Conhece Pablo Picasso? Um dos seus quadros mais famosos é Guernica (1937), que é uma declaração de guerra contra a guerra e um manifesto contra a violência.



Tudo muito legal, Kah. Mas o que tem a ver isso com o nosso caos turco chamado Emanet?


Essas cenas violentas, que chocam, incomodam, podem estar cumprindo o papel de conscientização, sensibilização, estimulando o debate. A Turquia é um país- assim como o nosso, não se iludam- que o machismo está muito presente na estrutura de poder.


Pode ser (não estou confirmando e sim refletindo a respeito!) a forma que a Nazmiye encontrou de falar com seu público “não banalizem!”, “não está certo!”, de passar um recado contra a estrutura machista. O que para nós brasileiras pode ser visto como um sinal de normalização, são apenas outras estratégias de luta e resistência. Os contextos delas podem demandar isso.


E como fala a professora da Universidade de São Paulo (USP) e antropóloga Francirosy Campos Barbosa:


“A luta e a resistência podem não ser explícitas, mas mesmo assim, não devemos diminuir a força dessas mulheres ou dizer o que elas devem fazer”


O que é inegável é a história singular e inspiradora que Nazmiye Yılmaz constrói com sua trajetória. Sem abandonar sua fé e preceitos, sua passagem exitosa por lugares tradicionalmente masculinos, como redações, coordenar departamento de jornalismo no Kanal 7 e mostrar uma nova faceta como redatora/escritora num país como a Turquia é louvável.


O que para nós mulheres brasileiras ocidentais podem soar como repressão, é apenas a escolha diferente- e ainda sim, revolucionária. Usar o hijab, viver sua fé em plenitude, trazer um olhar que não diverge dos preceitos da sua religião, não é violência. É a maior das liberdades que alguém pode vivenciar. E aliar isso com o sucesso profissional num mundo machista, é algo para qualquer mulher se alegrar pela outra.


Que possamos ver aqui no Brasil também mulheres que seguem o Islã, que fazem uso do hijab, vencendo em suas carreiras e sem sofrer islamofobia.


 

E assim encerramos essa séries de post, que antes de qualquer coisa, é um olhar de reverência pra trajetória da Naz. Que possamos ver ela abrir portas e escrever histórias por muito tempo e assim, inspirar outras mulheres. Turcas ou não.


Até a próxima!



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